31/10/2011

vem, vamos embora, que esperar não é saber


Depois da publicação especial dessas Desconexões Neurais em um splitzine, a convite do Café sem Açúcar, é hora de seguir em frente sem rodinhas e continuar a espalhar por aí esta (contra)cultura de fazer em casa nossas próprias publicações. Aproveitando então esse dia das bruxas, dos mortos e tudo mais, damos partida no processo de criação e publicação do

Zine Desconexões Neurais #1
-somente textos inéditos -
lançamento. 4 de Novembro
tiragem. 150 exemplares


conteúdo - poesia - literatura - cultura - informação
peça o seu




18/10/2011

Tempo no reflexo


Já estamos na metade do mês e ainda perdidos como no início. ainda mais agora com esse horário.
eu gosto.
eu sei que gosta. pra ficar na rua. no parque. com o pé na grama. olhando pro céu, pras coisas. sim, é bom. principalmente pra esquecer, ou lembrar, que já vai ter quase um ano. já é verão de novo. como quando as coisas começaram a acontecer e você começou a acreditar que teria uma vida mansa com tudo que já tinha.
as coisas mudaram de um jeito...
é, mudaram. como se você precisasse aprender que as coisas sempre mudam. mesmo que você não queira. principalmente quando precisa aprender alguma coisa importante. ou quando precisa desesperadamente aprender a ser outra pessoa. mesmo sem querer.
eu nunca iria imaginar, um ano atrás, que pensaria como penso hoje. mas de certa forma, acho que no fundo eu esperava por isso.
no fundo tu sempre sabia do que precisava. e do que queria. o problema é sempre ir atrás.
mas eu vou. sempre vamos. de uma forma ou de outra.
mesmo sem querer?
é, mesmo sem querer.
você é louca.
você também.
mas você não precisava ter inventado esse momento workaholic na vida. já tem quase um ano. e cadê o resto? tá compensando?
que tu acha?
acho que no fundo tu não muda é nada. esses momentos de exaustão. de não conseguir dormir. de não conseguir fazer mais nada. de querer desistir de tudo.
como assim de tudo?
é, eu sei. de achar que nada mais tem sentido. de não acreditar em mais nada. de não querer mais saber de ficar olhando pra esse monte de coisa nenhuma.
de ver o tempo e as coisas passarem a milhão. e você ali. parado. trocando os canais da tv a cabo. como se nada fosse tão importante assim.
nada é tão importante assim. NADA. NADA. NADA.
acontece que é sim. e você só não quer que seja porque fica se defendendo. achando que o mundo todo é uma grande ameaça a sua paz de espírito.
e não é? não é?
ok. é claro que é.
como se aqui dentro já não houvesse perturbação o suficiente.
e então?
então nós vamos continuar fazendo a mesma coisa. mesmo que não se queira. mesmo que seja diferente de tudo que já foi. trabalharemos demais. comeremos e viajaremos demais, às vezes. cometeremos excessos. nos estragaremos. de uma forma ou de outra. e sempre trabalharemos demais. para ter dinheiro para pagar as contas, que fizemos para compensar o tempo que passamos consumindo nossa vida com trabalho.
e rezaremos aos nossos deuses ou adoraremos aos nossos ídolos, como uma forma desesperada de nos ligarmos a algo um pouco maior do que isso tudo a nossa volta, que brilha como diamante ou faíscas de maçarico em nossos olhos cansados.
e a tudo isso buscaremos refúgio em todas as formas possíveis, orgânicas ou inorgânicas para melhorarmos nossa vida. exercícios físicos remédios carros medicamentos drogas alface álcooL café açúcar vídeo-game adoçante salgadinho coca-cola com trakinas bicicleta chocolate poesia sexo carne whisky com gelo ou puro e amargo mesmo, que nem a vida.
então nada vai mudar? e terminará um ano e começará outro, assim como cada mês, cada semana, cada dia ou cada noite que simplesmente se vai?
ou tudo irá mudar e antes que perceba lá estará você outra vez outra pessoa. e tudo estará igual e diferente. a cada dia?
vai. e não vai.
mesmo que você queira.
ou não.